Para cada R$ 1 bilhão investidos por ano no
pré-sal, serão gerados 33,5 mil empregos na fase de exploração e
desenvolvimento e 23,8 mil na de operação, segundo levantamento do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Com expectativa
de investimentos da ordem de US$ 700 bilhão (ou R$ 1,5 trilhão) em cada uma das
etapas nos próximos 30 anos, chega-se a uma estimativa de geração de 87,2
milhões de vagas diretas, indiretas e induzidas até 2043. Oportunidades de
nível superior e técnico não apenas no setor de óleo e gás propriamente dito,
mas também em toda a cadeia que ele movimenta — e vai movimentar cada vez mais,
levando-se em conta a expectativa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) de que
o pico de produção pode ser atingido em até 15 anos. O que, por sua vez, gera
necessidade de mais qualificação no curto e médio prazos.
O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de
Petróleo e Gás Natural (Prominp) prevê que a demanda por nível superior seja,
principalmente, de engenheiros e que as categorias profissionais mais
solicitadas de nível técnico e médio sejam de projetista, plataformista e
auxiliar de movimentação de cargas. Haverá, também, grande necessidade de
categorias de nível fundamental, como montador de andaime, mecânico ajustador,
caldeireiro, entre outras. A maior dificuldade para encontrar profissionais
qualificados existirá na procura pelas carreiras mais especializadas, permeando
todos os níveis educacionais de qualificação, de acordo com a entidade.
Levantamento da Michael Page, consultoria
especializada em recrutamento, aponta os onze profissionais que devem despontar
em função do pré-sal: geólogos, geofísicos, petrofísicos, engenheiros de
perfuração, gerentes de perfuração, gerentes de contrato, gerentes de
engenharia, gerentes de operação e oficiais de náutica. Além dessas profissões,
as de nível técnico também vão ficar cada vez mais em alta, indicam os
especialistas — sobretudo nas áreas de mecânica, mecatrônica, eletrotécnica,
segurança do trabalho e solda.
— Da licitação até a primeira gota de petróleo
sair, os profissionais de geociências serão muito procurados. Depois disso, à
medida em que a cadeia vai avançando, surgem demandas por engenheiros das mais
diferentes especialidades possíveis — descreve Bruno Stefani, gerente de
Oil&Gas da Michael Page.
Se os salários de nível superior podem variar de R$
6 mil a R$ 50 mil, a média salarial para nível técnico fica entre R$ 2,5 mil e
R$ 6 mil.
— Mas quem trabalha no setor de soldas pode chegar
a ganhar até R$ 20 mil, porque há poucos profissionais nessa área — ressalta
Raul Rousso, coordenador do Funcefet Online.
A falta de qualificação é, de fato, uma preocupação
para o setor. Inclusive, o Plano Nacional de Qualificação Profissional do
Prominp, criado em 2006, está passando por um processo de reformulação para
atender melhor às necessidades desse mercado emergente. Por meio da aproximação
com as empresas do setor, a necessidade de qualificação profissional está sendo
levantada, bem como os conteúdos programáticos estão sendo revisados.
‘É preciso começar a se preparar agora’
Diante do cenário trazido pelo pré-sal de aumento
de oportunidades e demanda por qualificação, Fernando de Holanda Barbosa Filho,
pesquisador do Ibre da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que é importante
fazer um planejamento da capacidade de se formar mão de obra:
—Isso porque existe uma defasagem entre o momento
em que a pessoa entra na faculdade e a hora em que ela sai para trabalhar. Não
vamos ter uma explosão infinita de demanda por engenheiros, então é preciso
saber qual é a carência para poder formar.
Especialmente porque, destaca Holanda, as vagas
criadas não serão apenas aquelas ligadas diretamente ao setor de óleo e gás,
mas também as indiretas, como a prestação de serviços, e as induzidas — aquelas
geradas em função do aumento do nível de renda.
— Há toda uma cadeia de suprimentos, que vai desde
a confecção de chapas e a estruturação de estaleiros à alimentação, transporte,
infraestrutura. Vai ser um movimento bem amplo — complementa Raphael Falcão,
diretor da Hays no Rio de Janeiro.
Previsão de salários inflacionados
Com essas perspectivas no horizonte, aproximam-se
também as possibilidades de que os salários acabem subindo muito além do mercado.
— Em uma economia em pleno emprego, como a
brasileira, o alto número de vagas vai gerar pressão nos salários, o que pode
trazer problemas para as empresas num prazo de curto a médio — estima Holanda.
Falcão concorda e leva em consideração a
desaceleração que vem ocorrendo desde o ano passado.
— Existe, sim, uma expectativa de inflação de
salários. No ano de 2012, os salários deram uma estabilizada, então, é natural
que, a partir de agora, haja uma certa corrida por quem já está pronto e
qualificado para entrar nesse setor — afirma o diretor da Hays.
O mercado de óleo e gás, entretanto, enfrenta um
outro desafio: além dos profissionais qualificados, precisa daqueles
experientes, o que complica a situação dos jovens que estão ingressando, como
ressalta Samuel Pinheiro, diretor do Petrocenter, escola técnica especializada
no setor de energia:
— Há uma demanda grande, mas as empresas já querem
o profissional pronto, tanto em nível técnico quanto no nível de engenharia.
Querem que o jovem tenha experiência, mas não oferecem oportunidade.
É o que, entre outros fatores, também motiva a
crescente importação de mão de obra — tendência que deve ser intensificada com
as oportunidades que vão surgir com o pré-sal.
— Não vamos conseguir formar e gerar experiência na
velocidade que o mercado vai precisar. Além disso, muito do know how
brasileiro em óleo e gás está com funcionários públicos da Petrobras, que não
querem sair da companhia — explica Raphael Falcão, que, na Hays, ainda não
sentiu um movimento intenso de vagas pelo pré-sal. — Mas muitos clientes estão
vindo conversar sobre planos para o futuro, estão começando a planejar.
Planejamento, palavra de ordem
E é consenso entre os especialistas que o
planejamento é fundamental, tanto para as empresas quanto para os profissionais
do setor — por mais que haja tempo hábil para qualificação.
— Em termos de qualificação, neste caso, o tempo é
um aliado. Isso não quer dizer, entretanto, que é possível esperar muito para
começar um curso ou especialização. É preciso começar agora — recomenda Raul
Rousso, coordenador do Funcefet Online.
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